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Os riscos ESG na Cadeia de Valor (e como preveni-los)

As empresas consomem uma série de produtos e serviços para o exercício de suas atividades. Uma indústria, por exemplo, compra matérias-primas e insumos, e pode terceirizar no todo ou em parte os seus processos produtivos. Um banco e um supermercado, por sua vez, contratam empresas de segurança para suas unidades e para o transporte de valores.


          E se o terceiro que presta serviços à indústria manter trabalhadores em condições análogas à de escravidão? E se a matéria-prima adquirida tiver origem ilícita, por exemplo, em áreas de desmatamento ilegal? E se o segurança do banco ou do supermercado cometer ato racista contra cliente ou mesmo agressão?


          As manchetes estão recheadas de casos assim. Todos os fatos acima configuram riscos ambientais, sociais e/ou de governança, capazes de manchar a reputação das empresas e lhes causar severos prejuízos financeiros, ainda que as ações ou omissões não tenham sido causadas diretamente por sua organização, mas sim por terceiros.


          Geralmente, para tentar prevenir estes riscos, as empresas focam em fornecedores de produtos e serviços. Supply chain, gestão de suprimentos, gestão de fornecedores e/ou de terceiros são nomes habitualmente utilizados pelas organizações para tratar do assunto. Busca-se garantir a regularidade destas empresas, por meio de uma série de práticas e rotinas.


          Acontece que os riscos ESG não se limitam no sentido a montante (upstream) da organização, mas também a jusante (downstream). Por exemplo, uma franquia de uma varejista têxtil: caso os atendentes cometam ato racista contra cliente, repercutirá sobre a marca que carregam. Caso decidam descartar irregularmente peças de roupas, a marca também estará lá, exposta.


Ao conjunto de empresas a montante e a jusante da empresa damos o nome de “Cadeia de Valor”. É claro que muitas empresas, em especial as de grande porte, possuem cadeias de valor extremamente extensas, incluindo múltiplas camadas (ties 1, 2 e 3, fornecedor do fornecedor), sendo inviável gerenciar a regularidade com alto rigor todas as partes envolvidas.

 

          Alguns exemplos de temas para os quais as empresas devem estar atentas, quanto à cadeia de valor:

Environmental (Ambiental)

Social

Governance (Governança)

 

Desmatamento ilegal, contaminação ambiental do solo, ar e águas subterrâneas ou superficiais, danos à fauna e à flora, descarte irregular de resíduos e efluentes, operação sem licença ou em desacordo com ela, manuseio e transporte irregular de produtos perigosos

 

Trabalho infantil, análogo ao escravo ou irregular, violação de direitos humanos, trabalhistas e das normas de saúde e segurança do trabalho, assédio ou abuso, discriminação e atos lesivos à diversidade, equidade e inclusão, desrespeito aos diretos do consumidor, concorrência desleal e danos às comunidades

 

 

Corrupção, suborno, práticas antiéticas, falta de transparência, greenwashing, ausência de sistema de gestão da cadeia de valor (fornecedores, terceirizados, parceiros de negócios e outros elos relevantes), auditorias e remuneração dos executivos.

 

        A tecnologia pode ser uma importante aliada das empresas neste desafio. Existem plataformas que automatizam o monitoramento da cadeia, coletando informações em bancos de dados de certidões e cadastros restritivos, além de organizar e digitalizar todo o fluxo de informações entre as partes. Este tipo de solução, aliada a outros métodos de gestão, são a chave para o sucesso.


          Outro viés muito importante é que, cada vez mais, a gestão ESG da Cadeia de Valor não é apenas sobre monitorar e controlar regularidade, mas também sobre cooperar para o desenvolvimento e fortalecimento dos parceiros. Esta estratégia é preventiva e torna a cadeia mais resiliente e madura, reduzindo os riscos.


          Uma recente pesquisa da consultoria Ernst Young, denominada “C-suite Insights: Sustainability[1], conduzida junto a mais de 500 executivos C-Level de companhias que integram o índice Fortune 1000, identificou que “Cadeias de Valor Sustentáveis” é o tema número 1 no qual as organizações estão trabalhando agora, quanto às iniciativas de sustentabilidade e ESG.


          Concluindo, a cadeia de valor está recheada de riscos ambientais, sociais e de governança. Estes riscos podem causar prejuízos financeiros e reputacionais para sua empresa, prejudicando os resultados e, até mesmo, colocando em risco a continuidade do negócio. Estruturar e executar um Programa de Gestão ESG da Cadeia de Valor é fundamental.

 


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